Afinal 2020 não vai acabar a 31 de Dezembro

O ano de 2020 apresentou uma providência cautelar destinada a impedir a chegada de 2021. A acção, interposta em tribunais de mais de uma centena de países, promete arrastar a passagem para o novo ano durante alguns meses e já deu origem a protestos globais.
“2020 sente-se verdadeiramente prejudicado”, afirmou D. Duarte Pio, representante legal deste ano no nosso país. “Para além da pandemia de Covid-19, 2020 tinha preparado um rol de desgraças admiráveis, no entanto como tantas pessoas ficaram em casa, teve de adiar ou reduzir as lotações dessas tragédias”, resumiu o pretendente ao trono português.
Segundo um dossier enviado para redacções de todo o mundo, o ano corrente elenca uma extensa lista de eventos dramáticos ainda por concretizar. Da listagem fazem parte dezenas de catástrofes naturais de grande escala, escândalos políticos capazes de arruinar a geopolítica mundial e milhões de ossos por fracturar, entre muitas outras propostas. Para o réveillon, que 2020 procura adiar por 90 dias, está previsto um espectáculo de fogo de artifício tão luminoso e exuberante que promete provocar lesões permanentes nas córneas de milhões de pessoas.
“2020 garantiu-me que isto daria para mais três meses de grande animação só que não vai conseguir encaixar tudo nas manhãs de fim-de-semana em Dezembro”, avançou o Duque de Bragança. “Também me disse que, se as coisas corressem bem, ainda podia voltar a instaurar a Monarquia no nosso país”, confessou D. Duarte. “Mas isso é o que me dizem todos.”
Por fim, no argumentário que sustenta o pedido de providência cautelar é também revelado que 2020 tem toneladas de merchandising retido em armazéns que pretende vender ainda antes do final do ano. Tratam-se de t-shirts, porta-chaves, tapetes de rato, máscaras comunitárias, aventais, todos eles com a impressão do slogan “2020, vai ficar tudo uma desgraça”.